Para ler a nova edição de "Bartleby, o EscrivĂŁo" - uma histĂłria de Wall Street, o leitor começa pelo desafio de ter de cortar, uma a uma, as vinte pĂĄginas nĂŁo refiladas do livro. SĂł assim poderĂĄ libertar, aos poucos, este personagem enigmĂĄtico da ficção moderna que, no dizer de Gilles Deleuze, desafia toda a psicologia e a lĂłgica da razĂŁo. A sua famosa fĂłrmula de resistĂȘncia Ă s ordens do advogado-patrĂŁo - Acho melhor nĂŁo - e, mais tarde, de recusa ao prĂłprio trabalho de escrivĂŁo e copista para o qual foi contratado, desperta uma sucessĂŁo tragicĂŽmica de acontecimentos. A cada resposta evasiva de Bartleby abre-se a fresta para a entrada do insĂłlito nas atitudes e sentimentos despertados no dono do escritĂłrio, nos colegas de trabalho e atĂ© mesmo nas vizinhanças de Wall Street